Saturday, April 21, 2007

Evolução do cancro da Próstata: sistema de classificação de Gleason

O sistema de Gleason é baseado exclusivamente na arquitectura padrão do tumor da próstata. Este avalia a capacidade que as células de qualquer tipo de cancro têm para se edificar em glândulas com células semelhantes às da próstata em estado normal. A capacidade de um tumor em nidificar e tornar-se semelhante às células normais de uma glândula normal chama-se diferenciação. Um tumor que tenha uma boa diferenciação, tem a probabilidade de se tornar pouco maligno, devido às suas parecenças com o resto das células.

O princípio é bastante simples: a graduação de Gleason vai desde as células muito diferenciadas até as pouco diferenciadas, sendo esta caracterização feita pela observação ao microscópio. Para uma boa classificação deve-se ter em atenção alguns pormenores que só se conseguem ver após muito treino e experiência em oncologia.

O esquema seguinte demonstra a graduação da degradação de uma célula cancerosa:



Assim, na Graduação de Gleason, surgem vários níveis, cada qual com determinadas características:

▪ Níveis 1 e 2: Estes dois graus estão juntos pois a as células ainda são muito parecidas às células normais da glândula da próstata. Estes graus são os menos importantes pois ocorrem em grande parte da população e (porque – não ponhas isto) apenas apresentam um prognostico um pouco mais benéfico que o grau três. No grau 1 as células ainda estão agregadas, sendo que no grau 2 as células já estão um pouco mais separadas.

▪ Nível 3: Este é o grau mais comum e é considerada a fase moderadamente indiferenciada (já um pouco mais indiferenciada do que no grau 1 e 2). Isto ocorre porque os três graus possuem uma unidade glandular normal, como a próstata normal. Assim, cada célula faz parte de uma fila circular que forma uma cápsula de uma área central, o lúmen. Este contém uma secreção normal da próstata; cada unidade glandular é rodeada por um músculo que mantém a unidade glandular afastada. Em contrate com o segundo grau, há uma invasão da glândula para o estroma.

▪ Nível 4: Este é, provavelmente, o grau mais importante porque é o mais comum, pelo facto de existirem muitos casos actualmente e porque o prognostico dos doentes atinge um estado muito pior que em qualquer outro nível anterior. Existe também uma grande perca da arquitectura. Há, pela primeira vez, a perca da unidade glandular. De facto, o grau quatro é identificado, basicamente, pela perca da capacidade da formação das unidades glandulares. Este simples conceito não passa disso pois, na prática, é bastante complexo. Esta complexidade deve-se ao facto de cada corpo manifestar de forma diferente da construção das partes normais e destruição por arte das células cancerosas. Sendo o grau 4 o grau mais abrangente de todos é, então, mais difícil identificar sendo necessária bastante experiência.


▪ Nível 5: O processo de desdiferenciação é um passo significativo para um pobre prognóstico. A sua importância para a população em geral é reduzida devido a ser menos comum do que o grau 4, e é raramente visto em homens cujo diagnóstico foi precoce. Nesta fase, apesar das diferentes formas de evolução, todas apresentam algo em comum: a falta de capacidade das células de se agruparem e formarem uma glândula.




Escala baseada nos níveis da Graduação de Gleason



Quando um patologista analisa um cancro da próstata deve ver os padrões celulares mais vulgares e assim classifica-lo consoante a incidência de cada tipo. Podendo haver mais que um tipo aparentemente predominante cabendo ao patologista de os classificar como o que existe me maior incidência ou menor.

Ao desenvolver o seu sistema, o Dr. Gleason descobriu que ao dar uma combinação de classificações dos dois padrões mais comuns, que ele conseguia ver numa espécime de qualquer paciente, ele podia prever melhor se o paciente iria melhorar ou piorar. Por isso, a classificação de Gleason é uma combinação ou soma de dois números. Estas somas ou combinações de Gleason são determinadas da seguinte maneira:


1 - O resultado mais baixo de Gleason é 2 (1+1), quando ambos os padrões primários e secundários de Gleason tem uma classificação de 1 e por isso quando somados a combinação dá 2
2- Resultados muito típicos de Gleason poderão ser 5 (2+3) onde o padrão primário tem 2 e o padrão secundário tem 3 ou então 6 (3+3), um padrão puro que mais prevalece
3- Outro resultado típico de Gleason poderá ser 7 (3+4), onde o padrão primário tem o nível 3 e o segundo padrão tem grau 4.
4- Finalizando a possibilidade mais alta, 10 (5+5), quando o primeiro e o segundo padrão possuem o nível mais alto da graduação de Gleason.


Resumindo, quanto mais baixo os valores da graduação de Gleason melhor, e a menos tratamento terá que o paciente fazer.

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