Monday, April 9, 2007

Causas do cancro do cólon

- Pólipos

Os pólipos podem ser considerados um dos factores de risco para o aparecimento do cancro do cólon. Assim, entende-se como pólipo um agregado celular que se desenvolve na parede do intestino, geralmente não canceroso, isto é, os pólipos podem não representar tumores (neoplasias) nem malignos nem benignos, podendo ter diversos tamanhos (desde 1mm a 2-3 cm), podendo até as dimensões destes obstruir o intestino. O mais habitual é que os pólipos tendam a desenvolver-se no recto e no segmento inferior do intestino grosso. É pouco provável que se desenvolvam mais acima.









É possível fazer uma divisão dos vários tipos de pólipos, tendo em conta a sua morfologia microscópica. Esta divisão está presente no seguinte quadro:





No nosso trabalho incidirá apenas sobre os pólipos neoplásicos.
Os adenomas – pólipos neoplásicos, referidos no quadro – são tumores benignos que podem evoluir para cancro. No entanto, nem todos os adenomas do cólon evoluem para cancro, embora praticamente todos os cancros do cólon nascem de um pólipo adenomatoso.
É possível estabelecer uma relação com a idade que um pólipo permanece no intestino e a sua evolução, bem como com o seu tamanho – quanto maior é um pólipo, maior a probabilidade de uma pessoa desenvolver cancro do cólon. Assim, calcula-se que 3% dos pólipos com 1 cm de diâmetro se transformam em cancro ao fim de 5 anos, 8% ao fim de 10 anos e 24% ao fim de 20 anos. Por estes números é possível concluir que a maior parte dos pólipos adenomatosos permanecem estáveis, nunca evoluem para cancro, e alguns até podem regridir.
A natureza dos pólipos só é conhecida depois de o examinar ao microscópio. Como não é possível saber se um pólipo vai evoluir ou não para cancro é necessário remove-los. Não é frequente encontrar pólipos solitários; encontram-se normalmente 2, 3 e mais pólipos, mais ou menos, afastados uns dos outros. Se o número de pólipos é elevado - várias dezenas -, estamos perante uma polipose. Estes revestem o intestino grosso e o recto.
As polipose são afecções raras, algumas são mesmo muito pouco comuns. Entre elas temos três relativamente raras: Polipose Adenomatose Familiar, Síndrome de Peutz-Jeghers e Síndroma de Gardner, que passamos a descrever:


Poplipose Adenomatose Familiar (PAF) - É uma doença hereditária autossómica dominante, onde aparecem no cólon centenas ou milhares de pólipos que são adenomas (tumores benignos). O gene responsável pela doença é o gene APC (Adenomatous Poliposis Coli) localizado no cromossoma 5, cuja descoberta pertence a duas equipas de cientistas (na Universidade de Johns Hopkins, Baltimore, e na Universidade de Salt Lake City, Utah, EUA).


A descoberta do gene APC significa que, através de uma simples colheita de sangue é possível determinar se um filho de um portador de PAF tem ou não um gene APC anormal, e se irá desenvolver a doença. Os resultados desteS testes, no caso de se confirmar o seu valor, irão influenciar profundamente o programa de vigilância dos indivíduos que se encontrem em risco de desenvolver esta doença. Tomemos como exemplo uma pessoa que:



- não tem um gene APC anormal, os seus exames do intestino poderão ser mais espaçados ou até abandonados.



- tem um gene APC anormal, então o médico deverá estar mais atendo e programar exames anuais ao cólon para que a doença seja detectada o mais cedo possível.


Na Polipose Adenomatose Familiar os pólipos aparecem aos 16 anos de idade e, senão for removido o cólon (a colectomia profilática – referida em TRATAMENTOS - faz-se aos 18 - 20 anos) o cancro aparece pelos 50 anos.


Grande parte das pessoas com PAF além dos pólipos do cólon tem pólipos no estômago (50%) e no duodeno (90%) mas estes pólipos, sobretudo os do estômago raramente malignizam.
Em anexo está uma árvore genealógica que retrata a situação de uma família com Polipose Adenomatose Familiar.


Como é que esta doença se transmite hereditariamente?



As pessoas que sofrem desta doença têm 50% de hipóteses de transmitir a doença aos seus filhos. Esta transmitir vai ocorrer mesmo que a pessoa afectada tenha realizado uma remoção preventiva do cólon, pois sendo esta doença hereditária está presente em todas as células do seu descendente – desde que herdem a doença.
Actualmente já está disponível uma consulta de Risco Familiar no Instituto Português de Oncologia de Lisboa Francisco Gentil, em que é possível fazer um aconselhamento genético, altamente recomendado para doentes com PAF que planeiem ter filhos. Esse aconselhamento deve ser obtido antes da gravidez.




A síndroma de Gardner é um tipo de polipose hereditária em que vários tipos de tumores não cancerosos aparecem em qualquer parte do corpo e no intestino. Tal como os outros tipos de polipose familiar, envolve um alto risco de cancro do cólon.

A síndroma de Peutz-Jeghers é um problema hereditário em que pequenas formações chamadas pólipos juvenis aparecem no estômago, no intestino delgado e no intestino grosso, podendo atingir grandes dimensões que podem ser causadores de hemorragia – tendo neste ultimo caso de se recorrer cirurgias repetidas. Pode-se nascer com estes pólipos ou então eles podem desenvolver-se durante a infância. As pessoas afectadas com a síndroma têm a pele e as membranas mucosas de cor escura – castanhas, pretas ou azuis -, sobretudo a mucosa dos lábios e das gengivas. Os pólipos não aumentam o risco de cancro no percurso gastrointestinal. No entanto, as pessoas com a síndroma de Peutz-Jeghers correm um risco acrescido de cancro do pâncreas, da mama, do pulmão, do ovário e do útero. É uma doença muito rara descrita pela primeira vez em 1921 por J.L.A. Peutz e posteriormente em 1949 por H. Jegers. Desde 1998 que sabemos que o gene afectado se localiza no cromossoma 19.

Alimentação


O desenvolvimento de um cancro do Cólon tem uma relação muito directa com a alimentação que cada indivíduo faz. Assim, antes de aparecerem pólipos no intestino é possível observar que estes se podem localizar primeiramente no estômago. É importante, por isso, que todos façamos uma alimentação cuidada, evitando ao máximo as gorduras.
As “refeições da moda” servidas em Mc Donalds, TelePizzas, etc, são autênticas “bombas” ricas em gorduras. É curioso que são cada vez mais apreciadas, pelos mais jovens, este tipo de refeições, sendo possível observar que se verifica uma crescente obesidade entre crianças cada vez mais jovens.
Há uns anos foi feita uma experiência por um cidadão norte-americano. Esta consistia em realizar todas as refeições do dia no restaurante de fast food Mc Donalds. Após cerca de 2 semanas, o senhor submeteu-se a exames médicos, verificando que este tinha ganho muito peso e que ficou com danos irreversíveis em diversos órgãos. Este é um exemplo que serve para todos nós, lembrando as consequências que este tipo de alimentação pode provocar.
A vida sedentária que muitos portugueses levam, tem um contributo pesado nesta doença. Há que realizar exercício físico, dar longas caminhadas, a fim de evitar que o sofá seja o nosso melhor amigo. É importante mais uma vez lembrar que os produtos extremamente “saborosos” saturados em gorduras irão, mais cedo ou mais tarde, ter repercussões no nosso corpo, levando, por exemplo, a um cancro do Cólon.

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