Sunday, April 1, 2007

Descoberta portuguesa ajuda a detectar cancro da mama

Uma nova descoberta, no domínio da genética molecular, vai permitir a detecção mais precoce do cancro da mama. Investigadores portugueses e galegos identificaram algumas alterações genéticas que estão associadas a um maior risco de contrair a doença. Os novos marcadores encontrados nesta investigação, publicada na edição on-line do Breast Cancer Research and Treatment Journal, são pequenas alterações (ou polimorfismos) nos genes responsáveis pela reparação do DNA. Ou seja, genes que reparam o DNA danificado, um processo muito importante para a prevenção de doenças como o cancro.O que Sandra Costa, da Universidade do Minho, e Fernando Schmitt, da Universidade do Porto, bem como outros investigadores do Norte de Portugal e da Galiza, fizeram foi verificar se existia alguma associação entre quatro desses genes e a susceptibilidade para o cancro da mama. Para isso, constituíram dois grupos, um de mulheres com cancro da mama e outro de mulheres saudáveis (grupo de controlo). Entre as pacientes com doença oncológica, parte tinha história familiar de cancro e as restantes não apresentavam antecedentes.Os resultados demonstram que certas alterações representam um maior risco de vir a desenvolver o carcinoma da mama, explicou ao JN Sandra Costa, bióloga do Instituto de Ciência da Vida e Saúde da Universidade do Minho. Dos quatro polimorfismos estudados, dois evidenciaram uma maior susceptibilidade, um revelou-se neutro na associação com esta doença e um outro demonstrou um efeito benéfico.
Embora já existam outros estudos que comprovaram a associação entre os polimorfismos dos genes de reparação do DNA e o risco acrescido de cancro da mama, este foi o primeiro que comprova os resultados para a população portuguesa e galega, de acordo com a investigadora da Universidade do Minho.
O polimorfismo genético no gene XRCC3 apareceu associado a um aumento na susceptibilidade para a doença e acelerou o seu aparecimento, mas apenas nas mulheres sem historial de cancro da mama na família. Já o polimorfismo RAD51 tem o mesmo efeito no grupo de mulheres com casos anteriores da doença na família. Pelo contrário, o XRCC1 parece ter um efeito protector do cancro da mama, enquanto as variações no quarto gene estudado (XPD) não mostraram influenciar a incidência do cancro da mama.
Com a identificação destes marcadores, abrem-se novas perspectivas para a prevenção e tratamento do cancro da mama, o mais frequente dos tumores na população feminina. Se for detectada a presença dos polimorfismos associados ao risco aumentado, a mulher pode intensificar as estratégias de prevenção, vigiando mais frequentemente o seu estado de saúde.


in Jornal de Notícias, 20 de Dezembro de 2006

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