Wednesday, May 2, 2007

Causas do cancro da mama

O cancro da Mama é uma doença complexa, onde existe uma forte relação entre factores ambientais e genéticos, no que diz respeito às suas “causas”.
Na verdade, estas não são conhecidas, ou pelo menos, não são certas de que levam ao desenvolvimento desta doença. Assim, o que se pode afirmar é que existem determinados factores de risco associados à doença. Estes factores de risco referem-se à disposição de um indivíduo vir a padecer de cancro da Mama, contudo, isto não implica que obrigatoriamente a pessoa vá sofrer da doença.
É possível afirmar que existem dois tipos de factores de risco: factores de risco não modificáveis e factores de risco modificáveis. Os primeiros, como o próprio nome indica, são factores os quais o indivíduo nada pode fazer para os evitar, enquanto os segundos são factores de risco associados ao estilo de vida de cada um e os quais podem e devem ser evitados para que não se desenvolva nenhuma doença, como o cancro.
Assim, como factores de risco não modificáveis tem-se:



• Idade
(clique na imagem para ver melhor)




O risco de aparecimento de cancro da Mama aumenta com a idade da mulher.
Uma das marcas comuns de envelhecimento da mulher é o aparecimento da menopausa, sendo pouco comum o surgimento de um cancro da mama antes desta fase. Cerca de 60 % dos cancros da mama aparecem nas mulheres com mais de 60 anos. O risco é muito maior depois dos 75 anos.

Sexo - O facto de se ser mulher é por si só um factor de risco para se padecer de cancro da Mama. Contudo, isto não quer dizer que esta doença não atinja a população masculina, apenas que esta não é tão atingida, visto que nas mulheres é cem vezes mais comum nas mulheres do que nos homens.

História Familiar - O risco de uma mulher ter cancro da mama aumenta se houver história familiar de cancro da mama, principalmente parentes próximos como a sua mãe, tia ou irmã, especialmente em idades mais jovens (antes dos 40 anos); ter outros familiares com cancro da mama, do lado materno ou paterno da família pode, também, aumentar, embora ligeiramente, o risco de contrair a doença. Uma mulher cujos familiares próximos tenham cancro da mama não tem mais de 30 % de probabilidades de contrair este tipo de cancro antes dos 75 anos.
É importante esclarecer a diferença entre Hereditariedade e Agregação Familiar. A maioria dos cancros exibe uma agregação familiar, o que não quer dizer que estes cancros são hereditários. Na verdade, poderá haver a mutação de um gene responsável pela doença e, neste caso, o cancro será hereditário. Contudo, poderá apenas ser causado por factores ambientais, partilhados por todos os membros da família, não sendo necessariamente hereditário.
Para se determinar se se pertence a uma família de risco para o cancro da Mama ou ovário, uma vez que estes cancros estão bastante relacionados, é frequente consultar um médico especialista na chamada Consulta de Aconselhamento Genético ou Consulta de Risco Familiar. Nesta, o médico irá estudar a história familiar do indivíduo em questão e concluir se este estará ou não em risco de padecer desta doença hereditária. São vários os dados sugestivos de predisposição hereditária para o cancro da mama e do ovário numa família, os quais são possíveis consultar em anexo


História Pessoal de cancro da Mama – Uma mulher que já tenha tido cancro da mama (numa mama), tem maior risco de ter esta doença na outra mama. Ter tido uma doença mamária benigna parece, também, aumentar o risco de cancro da Mama, embora a situação só se considere preocupante se esta doença estiver associada ao aparecimento de tecidos anormais da Mama. Caso isto não aconteça, o risco de padecer de cancro da Mama é apenas moderado e ocorrerá apenas em mulheres cujo número de canais mamários e muito elevada.

Factores genéticos - O genoma humano é composto por inúmeros genes presentes nas células, dos quais é importante destacar BRCA1, BRCA2 e HER2. Estes genes asseguram, normalmente, um bom funcionamento celular, reparando anomalias que poderiam conduzir ao aparecimento de cancro da Mama. No entanto, em determinadas circunstâncias, aquando da transmissão desses genes dos progenitores para os descendentes, poderá herdar-se genes com anomalias. Esta alteração ou mutação interfere com a actividade normal do gene, tornando o indivíduo mais susceptível ao cancro da Mama. Desta forma, um indivíduo com uma mutação num destes genes tem um risco acrescido de vir a ter um cancro da mama e/ou ovário podendo também transmitir essa cópia do gene alterado à sua descendência. A acção destes genes será mais à frente tratada.

Menstruação anormal – As mulheres cuja menstruação ocorreu antes dos 12 anos têm um maior risco de padecer de cancro da Mama, aumentando o risco quanto mais cedo aparecer a menarca (primeira menstruação). Além disso, uma vida menstrual longa, bem como uma menopausa tardia (após os 55 anos) aumenta o risco de cancro, embora estes factores tenham pouca influência sobre este risco.

Raça – A raça é um dos factores com menos importância ou até mesmo nula para o aparecimento de um cancro da Mama. Pode estar relacionada com cada zona do mundo, contudo, esta situação leva para a importância do ambiente no surgimento de um cancro. o cancro da mama ocorre com maior frequência em mulheres caucasianas (brancas), comparativamente a mulheres Latinas, Asiáticas ou Afro-Americanas, estando esta situação relacionada com a zona do munda onde vivem e com o ambiente dos seus países. Como factores de risco modificáveis/associados ao estilo de vida tem-se:

Consumo de álcool/tabaco – Alguns estudos sugerem haver relação entre a maior ingestão de bebidas alcoólicas e o tabaco com o risco aumentado de ter cancro da mama.

Alimentação – Cada vez são mais as evidências que a alimentação inadequada (tendo em conta o consumo de álcool), junto com a inactividade física e a obesidade, constituem factores fundamentais no desenvolvimento de um grande número de graves doenças crónicas, tais como a diabetes, as doenças cardiovasculares, a osteoporose e o cancro, entre outras. É necessário, por isso, ter um cuidado especial com a alimentação, sendo que, os médicos recomendam uma dieta mediterrânica, isto é, à base de vegetais e fruta. Muitas das mortes por cancro ocorrem devido a factores relacionados com a alimentação. Os tumores relacionados com a alimentação inadequada e álcool são o cancro da boca e faringe, da laringe, esófago, fígado, pâncreas, pulmão, colo-rectal, mama, próstata e rim.

Actualmente existe consenso relativamente aos conselhos para manter uma alimentação saudável, que proteja os indivíduos do aparecimento de certas patologias, como o cancro da Mama:

1. Fazer uma alimentação variada, para conseguir o equilíbrio entre os diferentes nutrientes;
2. Reduzir o consumo de gorduras, especialmente saturadas e colesterol;
3. Alcançar e manter o adequado índice de massa corporal (20-25);
4. Aumentar o consumo de hidratos de carbono complexos e de fibras alimentares;
5. Reduzir o consumo de sódio; Não consumir ou reduzir o consumo de álcool abaixo dos limites de risco.

Obesidade após a menopausa - As mulheres que são obesas, após a menopausa, apresentam um risco aumentado de desenvolver cancro da mama. A obesidade está relacionada com uma proporção anormalmente elevada de gordura corporal; tendo em conta que o corpo produz alguns estrogénios (hormona feminina) no tecido gordo é, assim, mais provável que as mulheres obesas apresentem níveis elevados de estrogénios e, consequentemente, risco aumentado para cancro da mama.

Exercício físico - Mulheres que são fisicamente inactivas, durante a sua vida, parecem ter um risco aumentado para cancro da mama. Assim, estar fisicamente activa pode ajudar a diminuir este risco, através da prevenção do aumento de peso e da obesidade.

Nuliparidade ou primeira gravidez depois dos 30-35 anos – Segundo estudos, o facto de não ter filhos ou de ter a primeira gravidez após os 30 anos aumenta o risco de padecer deste tipo de cancro.

Exposições aos agentes cancerígenos – Estes podem ser físicos e químicos. No domínio dos físicos tem-se: os raios X, raios gama, raios cósmicos e raios ultra-violetas. Quanto aos agentes químicos tem-se: o gás mostrada, gás radão resultante do decaimento do urânio e as radiações nucleares.

Uso de determinados medicamentos – Em geral, estudos revelam que o aumento de estrogénios no sangue aumenta o risco de cancro da mama nas mulheres.

Mulheres que tomam terapêutica hormonal para a menopausa (apenas com estrogénios ou estrogénios e progesterona), durante 5 ou mais anos após a menopausa parecem, também, apresentar maior possibilidade de desenvolver cancro da mama.

Além disso, a toma da pílula aumenta, também, o risco de cancro da Mama na mulher, uma vez que é uma terapêutica hormonal à base de estrogénios e que faz aumentar a concentração destas hormonas no sangue. Contudo, as mulheres têm de medir as vantagens e desvantagens em relação à pílula, concluindo, assim que as primeiras são muito superiores.

Muitos dos factores de risco citados podem ser evitados contudo outros, como a história familiar, não podem ser evitados. É, no entanto, útil saber e estar consciente dos factores de risco, ainda que muitas mulheres com estes factores de risco não apresentem cancro da mama. A maioria das mulheres que desenvolvem cancro da mama não tem história de cancro da mama na sua família; de facto, com excepção do envelhecimento, muitas mulheres com cancro da mama não apresentam fortes factores de risco para a doença.

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